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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Escrita em 1974

VERDE



Meus pés pisando sobre a grama verde. Meus olhos pousados no verde que flutua no olhar sereno de quem espera. Meu corpo em multicoloridas mutações até enfeitar-se do verde de festa. Festejando o verde pelo verde. Que o verde é desejo de florir!


O verde que aprendi a amar e procurei cultivar num altar sem ídolos começou a desbotar. Tornou-se quase amarelado com o passar do tempo que gastei em direção a outras cores mais vivas e nem por isso mais verdadeiras. O verde que cheguei quase a tocar. O verde que me acompanha até quando me retorno à casca. É esse mesmo verde que se agita dentro de mim e me diz que é tempo de voltar às origens. O verde da verdade vem hoje buscar-me.


Atendo ao chamado e me visto de festa novamente. E me solto bruscamente, sem reservas, seguindo o som verde de uma orquestra perdida no ar. Ah, vou desfazer-me em cores até refazer-me na tonalidade exata que busco.


O sinal da vida se faz eternamente verde. A cor da infância, dos pés descalços se faz para sempre presença confortante. O arco íris muda de nome e explode em verde. O mar confirma que é feito de verde. Meus olhos lavando-se em lágrimas de perdão retornam ao tom antigo e tão amado.


Uma voz suave me instiga a caminhar mais e mais em busca do tom exato, sem manchas, nem sombras que descobrem. A poesia ecoa em meus sentidos me levando de volta ao verde. A fruta cai verde a nossos pés e se impõe. E o Verbo que torna verde e habita entre nós.


E os homens se tornam verdes. E o mundo se torna verde. E o dia nasce afinal. Dia verde!










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