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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Apaixonar-se.

  O que custa apaixonar-se? Noites em claro, perda de peso,olhos brilhantes, borboletas no estômago.
  Quem deseja apaixonar-se? Não conheço quem não queira. Eu quero. É tão bom! Ainda mais se o objeto de sua paixão não se toca ou nem nota . As insinuações, os olhares fugazes, as meias palavras, as meias verdades, as mentiras mais deslavadas( imagine, cansaço nenhum!), as promessas não cumpridas.
  Não há como conhecer antes o objeto do desejo. A paixão não se concretiza, não resiste ao choque de realidade que vem do conhecimento. Melhor passar ao largo dos defeitos, das teimosias, das chatices.Cair de boca na paixão e viver alguns meses nela. Depois? Aprender a conhecer o apaixonante desconhecido. Inventariar cada palavra boba, cada gafe, cada espirro em hora errada. E desapaixonar-se de leve , mas sem mais delongas. Só conter a respiração e calar a canção interior. Sem dor principalmente.
   Ai de mim que agora vivo assim!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ainda os corais.

  Voltei sábado à Igreja para ouvir os corais. O grande barato além da beleza da música é a acústica do local. E o próprio local.Há séculos atrás os homens se reuniam para cantar em igrejas. Para louvar. Daí o pensamento que não sai de mim. A música nos faz chegar perto de Deus. Ou seria da perfeição? A prática de ensinar e ouvir música na igreja remonta ao tempo em que a música profana era pouco divulgada e ouvida. Então cantar nos faz mais próximos de Deus que é a perfeição . Ou a perfeição que pode vir do cantar nos traz tanto êxtase que nos deixa próximos de qualquer coisa a que chamamos Deus?
  Sei que outra vez saí completa. " Cantar quase sempre nos faz recordar, sem querer, um beijo, um sorriso ou uma outra ventura qualquer". Saí recordando...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A beleza da mosca feia.

 (Foto: Radoslav Valkov )

  Aí está! Assim como de perto ninguém é normal, bem de perto ninguém é feio. Olhem só a mosca arrumando seus galhinhos com a saliva para preparar o ninho . Ou para montar armadilha para outros insetos. Ou para... sei lá o que estará a mosca fazendo. Ou quem sabe nem é uma mosca!
 A foto foi premiada num concurso internacional de fotos sobre o meio ambiente.
  O inusitado é a poesia que um inseto repulsivo pode compor se visto com olhos de sensibilidade. E a constatação de que beleza é questão de olhar mesmo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Corais e enlevos.

  Uma voz só é só uma voz só. Mas vozes em harmonia formam um Coral e nos transmitem sensação de plenitude e eternidade. Na Matriz de Assunção, o maestro Ruy Capdeville comanda o Encontro de Corais. Igreja cheia, silêncio respeitoso , aplausos entusiasmados. Um coral do Paraguai, cantando " El dia que me quieras". Magia.
   Um coral da Argentina cantando "Meu bem-querer" de Djavan. Surpresa.
   O Coral da Universidade de Brasília vem de "Beatriz" de Chico Buarque.Requinte.
   Vim para casa plena de sensações. E dei carona a dona Ione, 83 anos, que disse: "assim dá até para acreditar nessa coisa que se chama amor". Noite completa, repleta. Cantar faz bem.

Sou louca por pipoca!

Pipoca! Ah! Quentinha, crocante, com queijo e sal, docinha, melada, pipoca sempre. Vendo TV, um filme, lendo um livro. Pipoca sempre.
De onde vem o gosto por tão simples iguaria? Talvez do prazer de ouvir o seu preparo, o ploc-ploc da pipoca na panela com cheiro de infância, o croc-croc na boca. Os fiapos que ficam nos dentes lembrando da pipoca que comemos por muito tempo.
Dia feliz, dia de falar de pipoca.
Pipoca sempre!

sábado, 18 de setembro de 2010

Acabou.

  Esta é a última noite que passamos juntos. E nada pode acordá-lo para mim. Acabou seu tempo e parece que o meu se gastou com o seu. Tento entender porque não posso fazê-lo estar de novo entre nós e aí me lembro que foi a morte que o levou. E a morte não devolve ninguém. A morte não negocia, não atrasa, não deixa para depois.
  Seus amigos vieram todos. Lembra a festa que você marcou e que todos faltaram? Agora eles estão todos aqui, constrangidos de não terem estado com você aquela noite. Que não teria sido a última como a de hoje será. Aperto sua mão fria, entrelaçada , coberta de flores e não sinto mais que você corresponde a meu aperto firme .Nem seus lábios se abrem no sorriso que ficava bailando sempre que estávamos juntos ou sós.Custo a crer que você me deixou aqui sozinha com a sala repleta de amigos, de seus filhos de seus parentes. Custo a crer que você hoje, não é o anfitrião. Que você não passeia entre os convidados com um copo na mão, o sorriso aberto e as palavras tão fáceis.
  Você está morto. E custou-me dizer isto. Faltou-me coragem de reconhecer que é esta a última noite que passamos juntos.
Ai, fica só mais um pouco,só até amanhã, quando todos se irão , dever cumprido,lágrimas mostradas, pesar compartilhado. E eu? Serei para sempre sem você.

Em memória de Alfredo Barreto, com afeto para Laura Barreto.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Como sempre!

  Foi-se a paixão. Como sempre se vão os sentimentos extremos, os desejos exacerbados.Fica a saudade do que nunca foi sem a certeza do que poderia ter sido. Somos um complexo mecanismo de memórias e esquecimentos que vão completando o mosaico de relacionamentos cada vez mais escassos.
 À proxima então. Se outra vier. Se o coração ainda guardar sangue suficiente para outra sessão de adrenalina, taquicardias e borboletas batendo asas no estômago.Se a memória da pele ainda recriar o gosto do tato.
  Cada paixão da maturidade me recria e recarrega. Guardo todo o amor do mundo sem a glória e a doçura da entrega.
  Que não demore muito a próxima paixão.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A falta que a conexão me faz!

  Já faz quatro dias que a conexão está ruim. E eu com preguiça de ligar para a operadora e saber o que está havendo. Enquanto isso, vou ficando longe. Da vida. Dos pequenos prazeres. De escrever no blog, de pagar contas, de ler as notícias. Senti uma súbita falta do jornal em papel, do caderno de anotações.
  Quando foi que me tornei assim tão dependente da internet?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quando eu canto!

 Que se cuide o mundo quando eu canto. Ou escrevo. Não estou cabendo em mim, só disto tenho certeza. A vida vem muito forte, muito grande , muito bonita para que eu possa suportar sozinha e aí eu canto. Ou escrevo. É para você , meu amado, que se faz presente com sua enorme ausência que me deixa vazia . É par você que eu canto . Ou escrevo. 
  E hoje eu quero cantar o dia alegre que passei, os sorrisos que sorri, o sol que queimou minha pele e o mar que me beijou. Quero escrever a noite linda que ontem fez e a lua que me acariciou.Os abraços que aceitei e os carinhos que ofereci.
  Vida que se apresenta mais forte, maior e mais bonita a cada dia que eu canto. Ou escrevo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Escrita em 1974

VERDE



Meus pés pisando sobre a grama verde. Meus olhos pousados no verde que flutua no olhar sereno de quem espera. Meu corpo em multicoloridas mutações até enfeitar-se do verde de festa. Festejando o verde pelo verde. Que o verde é desejo de florir!


O verde que aprendi a amar e procurei cultivar num altar sem ídolos começou a desbotar. Tornou-se quase amarelado com o passar do tempo que gastei em direção a outras cores mais vivas e nem por isso mais verdadeiras. O verde que cheguei quase a tocar. O verde que me acompanha até quando me retorno à casca. É esse mesmo verde que se agita dentro de mim e me diz que é tempo de voltar às origens. O verde da verdade vem hoje buscar-me.


Atendo ao chamado e me visto de festa novamente. E me solto bruscamente, sem reservas, seguindo o som verde de uma orquestra perdida no ar. Ah, vou desfazer-me em cores até refazer-me na tonalidade exata que busco.


O sinal da vida se faz eternamente verde. A cor da infância, dos pés descalços se faz para sempre presença confortante. O arco íris muda de nome e explode em verde. O mar confirma que é feito de verde. Meus olhos lavando-se em lágrimas de perdão retornam ao tom antigo e tão amado.


Uma voz suave me instiga a caminhar mais e mais em busca do tom exato, sem manchas, nem sombras que descobrem. A poesia ecoa em meus sentidos me levando de volta ao verde. A fruta cai verde a nossos pés e se impõe. E o Verbo que torna verde e habita entre nós.


E os homens se tornam verdes. E o mundo se torna verde. E o dia nasce afinal. Dia verde!